UFT forma primeiro deficiente visual em curso superior
Sousa é o primeiro deficiente visual a formar-se na UFT |
Wilson Dias de Sousa recebeu, na noite da última quarta-feira (23), um
prêmio por sua força de vontade: o diploma de curso superior em Letras.
Deficiente visual desde pequeno (perdeu a visão ainda criança, por volta
dos dois anos), entra para a história da UFT ao ser o primeiro
deficiente visual a se formar na Universidade no curso de Letras no
Campus de Araguaína. "Foi um momento incomparável", disse o
recém-formado em entrevista por telefone na tarde desta quinta-feira.
Sousa tem 40 anos, é casado e tem dois filhos - um casal. Ele conta que
recebeu bastante incentivo de professores, desde o ensino fundamental ao
médio e também no superior. "O início na UFT foi difícil. Depois a
Universidade conseguiu materiais, como um computador equipado com um
programa que lê as páginas e uma impressora Braille (linguagem
escrita utilizada para deficientes visuais). "Por isso, o momento da
formatura foi especial. Senti a vibração dos colegas na entrega do
canudo (diploma). Uma grande emoção", diz o novo graduado.
Ele homenageou a esposa - Elma dos Santos - por tê-lo incentivado a
continuar estudando - e afirma: "A vida parece difícil, mas quando se
tem força de vontade, você consegue. Quando for necessário pedir ajuda,
peça. Tudo que um deficiente visual precisa, e que não dependa
necessariamente da visão, é possível", pontua.
Letras - Em entrevista ao Jornal Presente (Informativo da
UFT), Sousa disse que escolheu o curso de Letras porque tem facilidade
com línguas. "Fiz um cursinho pré-vestibular e fique sabendo que a UFT
poderia me disponibilizar a prova em Braille", contou o recém-formado,
destacando que ainda enviou uma carta à Universidade falando sobre as
necessidades dele. Conseguiu passar no vestibular e iniciar o curso.
Ele diz que no início do curso tinha dificuldades, mas conseguiu se
adaptar com a ajuda dos colegas e dos professores. "Geralmente as
atividades eram em grupo. Quando é individual algum colega fazia a
leitura dos trabalhos e eu respondia. As provas, quando não vinham em Braille,
eram enviadas em Word e eu as respondia com a ajuda de um programa de
computador específico para deficientes visuais", contou. Ele frisou
ainda que a Universidade conseguiu vários equipamentos para que ele
pudesse concluir a graduação.
Sousa (c) durante solenidade de formatura do curso de Letras (Araguaína) FONTE: Site da UFT |
Ele diz que agora, depois de se formar, está à disposição para qualquer
trabalho. "Não gostaria de somente dar aulas, mas se aparecer
oportundiade não recusarei", diz o novo graduado. "Pretendo trabalhar
também na parte de tradução, gosto muito de inglês e estou estudando",
ressalta Sousa.
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